Dado Castello Branco: A Beleza Entre a Tradição e a Modernidade
Fotografia Filippo Bamberghi
Reconhecido pelo seu bom gosto e pela sofisticação dos projetos que assina, Dado Castello Branco deixa-nos espreitar o seu mais recente trabalho em Lisboa. Um mergulho na história da cidade resgata azulejos do século XVIII que convivem, sem esforço, com peças contemporâneas escolhidas a dedo.
Design em Lisboa: Como e quando surgiu o seu interesse por design?
Dado Castello Branco: O meu interesse pela arquitetura e decoração surgiu quando eu era muito jovem. Desde adolescente que tenho lembranças de entrar numa casa, num museu, ou de fazer viagens e admirar os espaços e a forma como estão pensados.
Também tenho como referência a minha mãe, que sempre gostou de design. De dois em dois anos mudava a decoração da casa, os tecidos e os sofás. Esta minha curiosidade existe desde muito cedo e posso dizer que isto sempre foi para mim um fascínio. Tinha sempre vontade de saber mais sobre o universo dos arquitetos, dos decoradores, sobre mobiliário. A Arte também foi um tema que sempre despertou a minha atenção.
DL: Existiu um mentor ou mentora (ou fonte de inspiração) no seu percurso?
DCB: Nunca tive um mentor, mas posso dizer que sempre tive inspirações. A vida foi-me mostrando o trabalho de bons criadores, lugares, atmosferas diferentes, culturas diferentes, mas não de alguém em específico.
DL: Recorda-se do seu primeiro projeto? O que mudou e o que manteve no seu trabalho?
DCB: O meu primeiro projeto foi logo um projeto importante. Quando voltei de França em 1994, há 30 anos, fui contactado para decorar a casa de uma das maiores colecionadores de Arte de São Paulo. Foi um desafio interessante. Para fazer a construção, eu envolvi a construtora Fairbanks & Pilnik e o paisagista foi o Gilberto Elkis, que pensou o projeto paisagístico.
Era uma casa clássica, que deveria contrastar com a coleção de Arte contemporânea da cliente. Foi por isso um projeto de arquitetura que não podemos definir como contemporâneo ou modernista, mas que me deu imenso prazer fazer. E a casa ainda lá está.
DL: Tem um percurso internacional, com projetos em todo o mundo. O que continua a inspirá-lo?
DCB: Sim, temos projetos em vários locais do globo. Atualmente em Nova Iorque, Miami e em Portugal. Já fizemos escritórios no Uruguai, Chile, Inglaterra e outros locais.
No meu processo criativo procuro sempre explorar a cultura local e incluir elementos do país onde está a ser feito esse trabalho. São detalhes que podem ser refletidos na marcenaria, nos tecidos ou no mobiliário. Também é importante valorizar a beleza da luz natural de cada lugar.
DL: Nos seus projetos existe um diálogo e harmonia entre a arquitetura, o design, as peças de mobiliário e acessórios. Como pensa e concretiza esta relação?
DCB: Esse diálogo é natural e existe sempre. O projeto de interiores reflete o local – seja uma casa de campo, cidade ou praia. E o estilo da casa também influencia o design. Está tudo interligado e o desafio é pensar o espaço e conseguir encontrar harmonia, funcionalidade e beleza entre todos os elementos.
Podemos falar de casas contemporâneas, abertas ao exterior, onde a área externa está integrada na arquitetura, ou num estilo mais provençal e clássico, e isso influencia naturalmente a curadoria do mobiliário, tecidos e também da arte.
É interessante explorar estas diferenças e, por exemplo, colocar um sofá contemporâneo num ambiente clássico. Essa mistura de estilos é, na essência, o que eu gosto de fazer.
DL: A forma como usa peças contemporâneas ao lado de peças vintage é um dos sinais que o caracteriza. De onde vem a busca incessante por uma curadoria perfeita?
DCB: Combinar peças vintage com outras novas é um exercício que sempre gostei de fazer. Penso que é uma das grandes marcas diferenciadoras do meu trabalho. Desde que comecei a trabalhar que procuro criar ambientes confortáveis, valorizando a luz natural e a busca por peças que, de alguma forma, refletem a beleza do contraste entre a modernidade e o que é antigo, mas não menos especial.
É interessante explorar estas diferenças e, por exemplo, colocar um sofá contemporâneo num ambiente clássico. Essa mistura de estilos é, na essência, o que eu gosto de fazer.
DL: Como surgiu a ideia de introduzir azulejos no projeto, da forma como foram dispostos? Procura integrar elementos locais nos seus projetos?
DCB: Neste caso foi utilizado o azulejo português, apesar de não existir nenhuma referência dentro da casa. Comprámos um lote grande de azulejos do século XVIII sem ligação entre si. São fragmentos de painéis. Com eles fizemos toda a sala de jantar, do rodapé ao teto.
Todas as paredes têm azulejos portugueses. A sala era muito grande e este novo elemento teve a capacidade de criar um ambiente impactante e, ao mesmo tempo, acolhedor, num espaço onde toda a família se reúne.
DL: Criou uma relação com Lisboa? Se sim, de que modo se reflete neste projeto?
DCB: Sim, claro. Eu adoro Portugal, e estamos a desenvolver alguns trabalhos em Cascais e em Lisboa. A minha ideia é sempre ampliar esse trabalho. Gosto da vida mais calma, da cidade, e do céu de Lisboa, com esse azul inigualável. Lisboa é uma cidade solar. Gosto de Portugal, mas de Lisboa em especial.
Gosto da vida mais calma, da cidade, e do céu de Lisboa, com esse azul inigualável. Lisboa é uma cidade solar.
DL: Que peça ou elemento o marcaram neste projeto?
DCB: O ponto principal do apartamento foi a utilização da cor. Não costumava usar tanto a cor nos meus projetos, mas agora cada vez procuro usar mais. O segundo ponto é, naturalmente, a beleza da herança e tradição portuguesas através do azulejo. Penso que é o ponto mais marcante deste projeto.
DL: Como foi o processo de trabalhar com fornecedores locais, como a QuartoSala, com quem também colaborou neste projeto?
DCB: A relação com a QuartoSala tem vindo a crescer. O atendimento é sensacional, pela quantidade de marcas disponíveis, mas também pela diversidade de fornecedores, o que completou o nosso trabalho em Lisboa. Foi muito bom.
DL: O que foi diferente na forma como desenvolveu este projeto?
DCB: Não sei exatamente, talvez a questão de explorar a luz e o céu azul de Lisboa que é difícil de ver no mundo. Também o lifestyle português que tem sofrido grandes mudanças nos últimos tempos, penso que como resultado do grande investimento recente no país e de muita coisa a acontecer.
DL: Vemos que os seus projetos em Lisboa acontecem com cada vez maior frequência. Devemos esperar mais desenvolvimentos do seu estúdio de arquitetura em breve na cidade?
DCB: Sim, estamos a planear abrir um novo estúdio de arquitetura de interiores em Portugal em breve.
Dado Castello Branco: A Beleza Entre a Tradição e a Modernidade
Fotografia Filippo Bamberghi
Reconhecido pelo seu bom gosto e pela sofisticação dos projetos que assina, Dado Castello Branco deixa-nos espreitar o seu mais recente trabalho em Lisboa. Um mergulho na história da cidade resgata azulejos do século XVIII que convivem, sem esforço, com peças contemporâneas escolhidas a dedo.
Design em Lisboa: Como e quando surgiu o seu interesse por design?
Dado Castello Branco: O meu interesse pela arquitetura e decoração surgiu quando eu era muito jovem. Desde adolescente que tenho lembranças de entrar numa casa, num museu, ou de fazer viagens e admirar os espaços e a forma como estão pensados.
Também tenho como referência a minha mãe, que sempre gostou de design. De dois em dois anos mudava a decoração da casa, os tecidos e os sofás. Esta minha curiosidade existe desde muito cedo e posso dizer que isto sempre foi para mim um fascínio. Tinha sempre vontade de saber mais sobre o universo dos arquitetos, dos decoradores, sobre mobiliário. A Arte também foi um tema que sempre despertou a minha atenção.
DL: Existiu um mentor ou mentora (ou fonte de inspiração) no seu percurso?
DCB: Nunca tive um mentor, mas posso dizer que sempre tive inspirações. A vida foi-me mostrando o trabalho de bons criadores, lugares, atmosferas diferentes, culturas diferentes, mas não de alguém em específico.
DL: Recorda-se do seu primeiro projeto? O que mudou e o que manteve no seu trabalho?
DCB: O meu primeiro projeto foi logo um projeto importante. Quando voltei de França em 1994, há 30 anos, fui contactado para decorar a casa de uma das maiores colecionadores de Arte de São Paulo. Foi um desafio interessante. Para fazer a construção, eu envolvi a construtora Fairbanks & Pilnik e o paisagista foi o Gilberto Elkis, que pensou o projeto paisagístico.
Era uma casa clássica, que deveria contrastar com a coleção de Arte contemporânea da cliente. Foi por isso um projeto de arquitetura que não podemos definir como contemporâneo ou modernista, mas que me deu imenso prazer fazer. E a casa ainda lá está.
DL: Tem um percurso internacional, com projetos em todo o mundo. O que continua a inspirá-lo?
DCB: Sim, temos projetos em vários locais do globo. Atualmente em Nova Iorque, Miami e em Portugal. Já fizemos escritórios no Uruguai, Chile, Inglaterra e outros locais.
No meu processo criativo procuro sempre explorar a cultura local e incluir elementos do país onde está a ser feito esse trabalho. São detalhes que podem ser refletidos na marcenaria, nos tecidos ou no mobiliário. Também é importante valorizar a beleza da luz natural de cada lugar.
DL: Nos seus projetos existe um diálogo e harmonia entre a arquitetura, o design, as peças de mobiliário e acessórios. Como pensa e concretiza esta relação?
DCB: Esse diálogo é natural e existe sempre. O projeto de interiores reflete o local – seja uma casa de campo, cidade ou praia. E o estilo da casa também influencia o design. Está tudo interligado e o desafio é pensar o espaço e conseguir encontrar harmonia, funcionalidade e beleza entre todos os elementos.
Podemos falar de casas contemporâneas, abertas ao exterior, onde a área externa está integrada na arquitetura, ou num estilo mais provençal e clássico, e isso influencia naturalmente a curadoria do mobiliário, tecidos e também da arte.
É interessante explorar estas diferenças e, por exemplo, colocar um sofá contemporâneo num ambiente clássico. Essa mistura de estilos é, na essência, o que eu gosto de fazer.
DL: A forma como usa peças contemporâneas ao lado de peças vintage é um dos sinais que o caracteriza. De onde vem a busca incessante por uma curadoria perfeita?
DCB: Combinar peças vintage com outras novas é um exercício que sempre gostei de fazer. Penso que é uma das grandes marcas diferenciadoras do meu trabalho. Desde que comecei a trabalhar que procuro criar ambientes confortáveis, valorizando a luz natural e a busca por peças que, de alguma forma, refletem a beleza do contraste entre a modernidade e o que é antigo, mas não menos especial.
É interessante explorar estas diferenças e, por exemplo, colocar um sofá contemporâneo num ambiente clássico. Essa mistura de estilos é, na essência, o que eu gosto de fazer.
DL: Como surgiu a ideia de introduzir azulejos no projeto, da forma como foram dispostos? Procura integrar elementos locais nos seus projetos?
DCB: Neste caso foi utilizado o azulejo português, apesar de não existir nenhuma referência dentro da casa. Comprámos um lote grande de azulejos do século XVIII sem ligação entre si. São fragmentos de painéis. Com eles fizemos toda a sala de jantar, do rodapé ao teto.
Todas as paredes têm azulejos portugueses. A sala era muito grande e este novo elemento teve a capacidade de criar um ambiente impactante e, ao mesmo tempo, acolhedor, num espaço onde toda a família se reúne.
DL: Criou uma relação com Lisboa? Se sim, de que modo se reflete neste projeto?
DCB: Sim, claro. Eu adoro Portugal, e estamos a desenvolver alguns trabalhos em Cascais e em Lisboa. A minha ideia é sempre ampliar esse trabalho. Gosto da vida mais calma, da cidade, e do céu de Lisboa, com esse azul inigualável. Lisboa é uma cidade solar. Gosto de Portugal, mas de Lisboa em especial.
Gosto da vida mais calma, da cidade, e do céu de Lisboa, com esse azul inigualável. Lisboa é uma cidade solar.
DL: Que peça ou elemento o marcaram neste projeto?
DCB: O ponto principal do apartamento foi a utilização da cor. Não costumava usar tanto a cor nos meus projetos, mas agora cada vez procuro usar mais. O segundo ponto é, naturalmente, a beleza da herança e tradição portuguesas através do azulejo. Penso que é o ponto mais marcante deste projeto.
DL: Como foi o processo de trabalhar com fornecedores locais, como a QuartoSala, com quem também colaborou neste projeto?
DCB: A relação com a QuartoSala tem vindo a crescer. O atendimento é sensacional, pela quantidade de marcas disponíveis, mas também pela diversidade de fornecedores, o que completou o nosso trabalho em Lisboa. Foi muito bom.
DL: O que foi diferente na forma como desenvolveu este projeto?
DCB: Não sei exatamente, talvez a questão de explorar a luz e o céu azul de Lisboa que é difícil de ver no mundo. Também o lifestyle português que tem sofrido grandes mudanças nos últimos tempos, penso que como resultado do grande investimento recente no país e de muita coisa a acontecer.
DL: Vemos que os seus projetos em Lisboa acontecem com cada vez maior frequência. Devemos esperar mais desenvolvimentos do seu estúdio de arquitetura em breve na cidade?
DCB: Sim, estamos a planear abrir um novo estúdio de arquitetura de interiores em Portugal em breve.
Design em Lisboa é uma plataforma digital pensada e desenvolvida pela QuartoSala para dar visibilidade a projetos, arquitetos, designers e artistas que são parte do processo de transformação da capital e estão a dar um novo fôlego ao design em Portugal. Com um olhar editorial, é feita uma curadoria e divulgação dos projetos mais interessantes e inesperados e são publicados artigos e entrevistas com talentos estabelecidos e outros emergentes, ligados ao universo da arquitetura de interiores mas também a outras esferas artísticas e criativas, como a pintura, escultura e fotografia. A intenção é compreender como é que esta comunidade ligada à arquitetura de interiores está a interagir com a herança cultural portuguesa e a reinventar a tradição com modernidade.