Chadi Abou Jaoude, designer de interiores radicado em Paris, destaca-se pela sua abordagem minimalista e pela sofisticação dos seus projetos. O seu percurso começou com estudos de arquitetura na USEK no Líbano, seguido por um DESS “Cidades, Arquiteturas e Patrimônio” em Paris X – Nanterre e um DEA “Planejamento e Planeamento Urbano em Paris, na Sorbonne.
Design em Lisboa: Lembra-se do momento em que se interessou pelo universo do design de interiores?
Chadi Jaoude: Estou envolvido neste universo desde muito jovem, uma vez que o meu pai era promotor imobiliário. Na época eu estava mais interessado em arquitetura do que em interiores. Estudei Arquitetura em Beirute e Planeamento Urbano em Paris antes de começar a reformar apartamentos, principalmente em Paris. Sou verdadeiramente apaixonado por esta profissão onde os projetos se sucedem sem nunca se repetirem ou parecerem iguais. Cada projeto é uma nova aventura com os seus próprios desafios. Não nos aborrecemos!
DL: Você se lembra do seu primeiro projeto?
CJ: Os meus primeiros projetos começaram em Beirute, lembro-me muito bem. O primeiro era uma villa para um amigo da família que projectei de A a Z. Era um projeto ousado para alguém que estava a começar nesta área, mas de alguma forma, mudou o meu caminho. Na verdade, graças a este projecto, apareci num programa de televisão que semanalmente dava visibilidade a um arquitecto e à sua obra. Foi então que fui contactado para remodelar um apartamento na Avenue Montaigne em Paris que um cliente tinha acabado de comprar… e tudo começou a partir daí.
DL: Qual foi o seu projeto mais importante?
CJ: O meu projeto mais completo e bem-sucedido certamente continua a ser uma vila à beira-mar em Obhur, na Arábia Saudita. Tive a oportunidade de desenhar tudo de raíz, tanto a arquitetura como o design de interiores e até os exteriores, com uma magnífica piscina infinita. Por se tratar de um projeto com carta branca e sem limite de orçamento, criei uns bonitos beirais, um pé direito duplo e escolhi materiais muito interessantes. Infelizmente, para minha maior frustração, fui proibido de tirar fotos no final do projeto por questões de confidencialidade…
DL: Como define o seu trabalho?
CJ: Esta é provavelmente a questão mais complicada… é difícil para mim definir o seu trabalho, deixo essa resposta para vocês.
Acho que para criar um interior com sucesso é preciso conhecer perfeitamente quem vai morar ali, e saber os hábitos dessa pessoa.
DL: Qual a importância de coordenar o design de interiores com a arquitetura do espaço?
CJ: Para mim é complementar e inseparável. Diria mesmo que o espaço arquitetónico é a pedra angular de todo projeto de interiores. Dificilmente consigo projetar um interior isolando-o e separando-o do seu contexto.
DL: Como é que pensa criativamente um espaço para outra pessoa viver?
CJ: Acho que para criar um interior com sucesso é preciso conhecer perfeitamente quem vai morar ali, e saber os hábitos dessa pessoa. Temos de entrar na intimidade dessapessoa, colocarmo-nos na pele do cliente.
A missão de um designer de interiores consiste, em parte, em traduzir os desejos e necessidades do cliente de forma harmoniosa e coerente. É um pedido feito sob medida.
DL: Quais (ou quem) são suas maiores referências? O que mantém vivo o seu universo estético?
CJ: Neste momento estou muito interessado em Inteligência Artificial. Acredito que é uma ferramenta que vai impactar e fará evoluir profundamente esta profissão. Isso é apenas o começo, mal posso esperar!
DL: Pode descrever este projecto em Lisboa?
CJ: Os proprietários são clientes franceses (que se tornaram amigos após várias colaborações) e que decidiram mudar-se para Lisboa. Contrataram-me para reconstruir este apartamento que já havia sido reformado pela talentosa arquiteta Caroline Cuvillier, que fez um trabalho notável, especialmente com a magnífica escadaria. São colecionadores que possuem muitos livros, objetos de arte e fotos lindos, daí a ideia de criar todas essas estantes, nichos e estantes, dando a esse espaço a sensação de um gabinete de curiosidades.
DL: Neste projeto existem peças de arte interessantes. Como cria uma linguagem harmoniosa entre arte e design?
CJ: Neste projeto o design está a serviço da arte. Todo o interior foi revisto e desenhado à volta destes objetos de arte com o único objetivo de destacá-los. Cada objeto tem seu lugar e a sua luz.
Para ser sincero, de Lisboa só conheço o centro da cidade, que me irá sempre surpreender pela sua autenticidade e simplicidade. Às vezes temos a impressão de andar numa aldeia com estas janelas de outra época, esta suavidade que já não vemos nas grandes cidades.
DL: Que peça de design é a sua preferida e porquê?
CJ: São tantas… mas admito que tenho um fraco pela mesa Surface da Established&Sons e pelos móveis da Muller Van Severen.
DL: Sente que a energia de cada cidade tem uma influência diferente nos seus projetos?
CJ: Fiquei a pensar se este seria o mesmo apartamento em Paris, se teria tomado um formato ou uma direção diferente, mas acho que não.
DL: O que mais gostou na cidade? O que torna Lisboa única?
CJ: Para ser sincero, de Lisboa só conheço o centro da cidade, que me irá sempre surpreender pela sua autenticidade e simplicidade. Às vezes temos a impressão de andar numa aldeia com estas janelas de outra época, esta suavidade que já não vemos nas grandes cidades. A natureza omnipresente, a escala humana… Tenho a sensação de encontrar em Lisboa uma verdadeira qualidade de vida quotidiana que já não encontro em Paris. Parece-me que compreendemos tardiamente que a modernidade não está nos arranha-céus e nas estradas de quatro faixas… e é isso que torna Lisboa tão única e atractiva.
DL: Como descreve a colaboração com a QuartoSala?
CJ: Fiquei muito surpreendido quando cheguei a Lisboa e vi um showroom com uma curadoria tão especial e diversificada como a Quartosala, que mostra claramente o dinamismo da cidade. Até agora colaborei com a Ghislaine que é muito profissional. Ela é precisa, ágil e dá sempre bons conselhos. É um prazer trocar ideias e colaborar com uma verdadeira entusiasta do design que sabe perfeitamente do que fala.
DL: Que marcas da QuartoSala você destacaria e porquê?
CJ: É mais provável que apresentemos marcas como Poliform ou Minotti pela qualidade dos seus produtos, pela atenção aos detalhes e pela riqueza da sua coleção.
DL: O que traz desta experiência?
CJ: Mal posso esperar para voltar, especialmente para outras experiências 🙂
Chadi Abou Jaoude, designer de interiores radicado em Paris, destaca-se pela sua abordagem minimalista e pela sofisticação dos seus projetos. O seu percurso começou com estudos de arquitetura na USEK no Líbano, seguido por um DESS “Cidades, Arquiteturas e Patrimônio” em Paris X – Nanterre e um DEA “Planejamento e Planeamento Urbano em Paris, na Sorbonne.
Mais tarde trabalhou para grandes agências de Arquitetura e Urbanismo em Paris, antes de fundar o seu estúdio em Paris, em 2005, especializando-se em Arquitetura de Interiores.
Focando-se sobretudo em projetos residenciais, mas também em boutiques e restaurantes no segmento de luxo, a agência Chadi Abou Jaoude assinou diversos projetos em França, mas também internacionalmente, na Arábia Saudita, Egito, Portugal e Espanha.
Nas ruas de Paris, as criações de Chadi destacam-se pela elegância discreta, combinando funcionalidade e estética. Chadi personifica a fusão entre o universo parisiense e a modernidade. O seu portfólio é composto por projetos diversos, em que a simplicidade encontra a qualidade irrepreensível, em que cada detalhe é cuidadosamente pensado, cada espaço é meticulosamente orquestrado para alcançar a harmonia perfeita. Como forte defensor do minimalismo, Chadi cria interiores em que as linhas depuradas se tornam uma forma de expressão.
Chadi Jaoude: Design ao serviço da Arte
Fotografia Sebastian Erras
Chadi Abou Jaoude, designer de interiores radicado em Paris, destaca-se pela sua abordagem minimalista e pela sofisticação dos seus projetos. O seu percurso começou com estudos de arquitetura na USEK no Líbano, seguido por um DESS “Cidades, Arquiteturas e Patrimônio” em Paris X – Nanterre e um DEA “Planejamento e Planeamento Urbano em Paris, na Sorbonne.
Design em Lisboa: Lembra-se do momento em que se interessou pelo universo do design de interiores?
Chadi Jaoude: Estou envolvido neste universo desde muito jovem, uma vez que o meu pai era promotor imobiliário. Na época eu estava mais interessado em arquitetura do que em interiores. Estudei Arquitetura em Beirute e Planeamento Urbano em Paris antes de começar a reformar apartamentos, principalmente em Paris. Sou verdadeiramente apaixonado por esta profissão onde os projetos se sucedem sem nunca se repetirem ou parecerem iguais. Cada projeto é uma nova aventura com os seus próprios desafios. Não nos aborrecemos!
DL: Você se lembra do seu primeiro projeto?
CJ: Os meus primeiros projetos começaram em Beirute, lembro-me muito bem. O primeiro era uma villa para um amigo da família que projectei de A a Z. Era um projeto ousado para alguém que estava a começar nesta área, mas de alguma forma, mudou o meu caminho. Na verdade, graças a este projecto, apareci num programa de televisão que semanalmente dava visibilidade a um arquitecto e à sua obra. Foi então que fui contactado para remodelar um apartamento na Avenue Montaigne em Paris que um cliente tinha acabado de comprar… e tudo começou a partir daí.
DL: Qual foi o seu projeto mais importante?
CJ: O meu projeto mais completo e bem-sucedido certamente continua a ser uma vila à beira-mar em Obhur, na Arábia Saudita. Tive a oportunidade de desenhar tudo de raíz, tanto a arquitetura como o design de interiores e até os exteriores, com uma magnífica piscina infinita. Por se tratar de um projeto com carta branca e sem limite de orçamento, criei uns bonitos beirais, um pé direito duplo e escolhi materiais muito interessantes. Infelizmente, para minha maior frustração, fui proibido de tirar fotos no final do projeto por questões de confidencialidade…
DL: Como define o seu trabalho?
CJ: Esta é provavelmente a questão mais complicada… é difícil para mim definir o seu trabalho, deixo essa resposta para vocês.
Acho que para criar um interior com sucesso é preciso conhecer perfeitamente quem vai morar ali, e saber os hábitos dessa pessoa.
DL: Qual a importância de coordenar o design de interiores com a arquitetura do espaço?
CJ: Para mim é complementar e inseparável. Diria mesmo que o espaço arquitetónico é a pedra angular de todo projeto de interiores. Dificilmente consigo projetar um interior isolando-o e separando-o do seu contexto.
DL: Como é que pensa criativamente um espaço para outra pessoa viver?
CJ: Acho que para criar um interior com sucesso é preciso conhecer perfeitamente quem vai morar ali, e saber os hábitos dessa pessoa. Temos de entrar na intimidade dessapessoa, colocarmo-nos na pele do cliente.
A missão de um designer de interiores consiste, em parte, em traduzir os desejos e necessidades do cliente de forma harmoniosa e coerente. É um pedido feito sob medida.
DL: Quais (ou quem) são suas maiores referências? O que mantém vivo o seu universo estético?
CJ: Neste momento estou muito interessado em Inteligência Artificial. Acredito que é uma ferramenta que vai impactar e fará evoluir profundamente esta profissão. Isso é apenas o começo, mal posso esperar!
DL: Pode descrever este projecto em Lisboa?
CJ: Os proprietários são clientes franceses (que se tornaram amigos após várias colaborações) e que decidiram mudar-se para Lisboa. Contrataram-me para reconstruir este apartamento que já havia sido reformado pela talentosa arquiteta Caroline Cuvillier, que fez um trabalho notável, especialmente com a magnífica escadaria. São colecionadores que possuem muitos livros, objetos de arte e fotos lindos, daí a ideia de criar todas essas estantes, nichos e estantes, dando a esse espaço a sensação de um gabinete de curiosidades.
DL: Neste projeto existem peças de arte interessantes. Como cria uma linguagem harmoniosa entre arte e design?
CJ: Neste projeto o design está a serviço da arte. Todo o interior foi revisto e desenhado à volta destes objetos de arte com o único objetivo de destacá-los. Cada objeto tem seu lugar e a sua luz.
Para ser sincero, de Lisboa só conheço o centro da cidade, que me irá sempre surpreender pela sua autenticidade e simplicidade. Às vezes temos a impressão de andar numa aldeia com estas janelas de outra época, esta suavidade que já não vemos nas grandes cidades.
DL: Que peça de design é a sua preferida e porquê?
CJ: São tantas… mas admito que tenho um fraco pela mesa Surface da Established&Sons e pelos móveis da Muller Van Severen.
DL: Sente que a energia de cada cidade tem uma influência diferente nos seus projetos?
CJ: Fiquei a pensar se este seria o mesmo apartamento em Paris, se teria tomado um formato ou uma direção diferente, mas acho que não.
DL: O que mais gostou na cidade? O que torna Lisboa única?
CJ: Para ser sincero, de Lisboa só conheço o centro da cidade, que me irá sempre surpreender pela sua autenticidade e simplicidade. Às vezes temos a impressão de andar numa aldeia com estas janelas de outra época, esta suavidade que já não vemos nas grandes cidades. A natureza omnipresente, a escala humana… Tenho a sensação de encontrar em Lisboa uma verdadeira qualidade de vida quotidiana que já não encontro em Paris. Parece-me que compreendemos tardiamente que a modernidade não está nos arranha-céus e nas estradas de quatro faixas… e é isso que torna Lisboa tão única e atractiva.
DL: Como descreve a colaboração com a QuartoSala?
CJ: Fiquei muito surpreendido quando cheguei a Lisboa e vi um showroom com uma curadoria tão especial e diversificada como a Quartosala, que mostra claramente o dinamismo da cidade. Até agora colaborei com a Ghislaine que é muito profissional. Ela é precisa, ágil e dá sempre bons conselhos. É um prazer trocar ideias e colaborar com uma verdadeira entusiasta do design que sabe perfeitamente do que fala.
DL: Que marcas da QuartoSala você destacaria e porquê?
CJ: É mais provável que apresentemos marcas como Poliform ou Minotti pela qualidade dos seus produtos, pela atenção aos detalhes e pela riqueza da sua coleção.
DL: O que traz desta experiência?
CJ: Mal posso esperar para voltar, especialmente para outras experiências 🙂
Chadi Abou Jaoude, designer de interiores radicado em Paris, destaca-se pela sua abordagem minimalista e pela sofisticação dos seus projetos. O seu percurso começou com estudos de arquitetura na USEK no Líbano, seguido por um DESS “Cidades, Arquiteturas e Patrimônio” em Paris X – Nanterre e um DEA “Planejamento e Planeamento Urbano em Paris, na Sorbonne.
Mais tarde trabalhou para grandes agências de Arquitetura e Urbanismo em Paris, antes de fundar o seu estúdio em Paris, em 2005, especializando-se em Arquitetura de Interiores.
Focando-se sobretudo em projetos residenciais, mas também em boutiques e restaurantes no segmento de luxo, a agência Chadi Abou Jaoude assinou diversos projetos em França, mas também internacionalmente, na Arábia Saudita, Egito, Portugal e Espanha.
Nas ruas de Paris, as criações de Chadi destacam-se pela elegância discreta, combinando funcionalidade e estética. Chadi personifica a fusão entre o universo parisiense e a modernidade. O seu portfólio é composto por projetos diversos, em que a simplicidade encontra a qualidade irrepreensível, em que cada detalhe é cuidadosamente pensado, cada espaço é meticulosamente orquestrado para alcançar a harmonia perfeita. Como forte defensor do minimalismo, Chadi cria interiores em que as linhas depuradas se tornam uma forma de expressão.
Design em Lisboa é uma plataforma digital pensada e desenvolvida pela QuartoSala para dar visibilidade a projetos, arquitetos, designers e artistas que são parte do processo de transformação da capital e estão a dar um novo fôlego ao design em Portugal. Com um olhar editorial, é feita uma curadoria e divulgação dos projetos mais interessantes e inesperados e são publicados artigos e entrevistas com talentos estabelecidos e outros emergentes, ligados ao universo da arquitetura de interiores mas também a outras esferas artísticas e criativas, como a pintura, escultura e fotografia. A intenção é compreender como é que esta comunidade ligada à arquitetura de interiores está a interagir com a herança cultural portuguesa e a reinventar a tradição com modernidade.